Não se trata de possuir, trata-se de estar dentro, ser a própria razão da existência, identidade indivisível. Não basta o momentâneo, mesmo que em plenitude, queremos a ilusão da eternidade, queremos acreditar que não há o exaurimento, isso é sonhar.

Mesmo a gente que não tenha uma fé, sabe que vai ser castigado, só não sabemos bem por quem e nem quando.
Eu tentei ser o mais sincero possível comigo assim como sempre fui com todos, acredite, aplicar para si o que se pensa é sempre mais difícil.
Eu decidi ser eu mesmo, não negar, não fugir, não contornar, apenas ir de encontro tal como a pedra para a vidraça, e por mais forte que esta seja, sabemos que um dia vai se despedaçar.
Eu tentei gerir protocolos, viver formalmente para o bem dos envolvidos, mas sem estar você envolvido por aquela vida, nada de fato parece estar vivo.
Queria eu poder ser programado como máquina, poder ver a beleza onde para mim fosse merecida estar. Queria que noites frias não aumentassem distâncias, não abrissem feridas, não lembrasse de mortes já superadas, de lutos nunca vividos.
Queria eu ter controle de tudo, poder fazer justiça, pelo menos livrar da dor quem queremos proteger, o problema não é a morte, é quando o medo dela deixa de fazer sentido, e a a gente passa a vida toda sentindo tanto medo que esquecer como é ser livre, e às vezes, por castigo mesmo, a liberdade não dura quase nada.